quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O príncipe e o vendedor

Li em algum lugar uma opinião sobre a diferença entre o ignorante e o inocente.  O ignorante não sabia de nada e escolheu  seguir o bem.  O inocente sabia de tudo e apesar disso escolheu seguir o bem. 
Nesses tempos tão conturbados e confusos, a paz do inocente é talvez o caminho da tranquilidade que buscamos.  Tranquilidade interior, pois só conseguiremos barrar a onda pertubadora da vida moderna, com tantos apelos e exigências, se conseguirmos encontrar esse oásis dentro de nós mesmos...
E tem a ver com o tempo.  O tempo é senhor de nossa vida e na maioria das vezes, nosso algoz.  Já falei do tempo aqui antes, do nosso tempo versus o tempo de Deus. Esse tempo que se marca no relógio ( seja analógico ou digital, já reparou que tudo hoje em dia tem relógio? Celular tem relógio, microondas tem relógio, geladeira tem relógio...) esse tempo martela dentro de nosso peito, atrasado, atrasado, atrasado... É como o coelho branco da Alice, esbaforido, correndo,  com medo da tirânica rainha de copas cortar-lhe a cabeça: É tarde, é tarde, alô, adeus, é tarde, é tarde, é tarde...
E aí, mais uma vez, me lembrei dele.  Até estranhei ele não ter aparecido aqui até agora.  Para fazer jus e como para me desculpar dessa ausência, levei um tempo procurando uma boa imagem dele.  Escolhi a tradicional, pois gosto dele assim, com sua espada, quase um Dom Quixote: ei-lo.  O Pequeno Príncipe.  Talvez a personificação dessa inocência que citei no início: desenha-me um carneiro.... 

O Princepezinho, na sua peregrinação, que é a peregrinação de todos nós,  encontrou um vendedor.

"- Bom dia, disse o principezinho.
- Bom dia, disse o vendedor.
Era um vendedor de pílulas aperfeiçoadas que aplacavam a sede. Toma-se uma por semana e não é mais preciso beber.
- Por que vendes isso? perguntou o principezinho.
- É uma grande economia de tempo, disse o vendedor. - Os peritos calcularam - A gente ganha cinqüenta e três minutos por semana.
- E que se faz, então, com os cinqüenta e três minutos?
- O que a gente quiser...
- Eu, pensou o principezinho, se tivesse cinqüenta e três minutos para gastar, iria caminhando passo a passo, mãos no bolso, na direção de uma fonte. . ."

O segredo do grande relógio está dentro de nós.  Diminuindo o passo, poderemos saborear o caminho.  Rumemos sem pressa, mãos nos bolsos, em direção à fonte...

O maior príncipe do mundo