quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As muitas máscaras do Mal

Fiquei meio hesitante de escrever sobre esse tema.  Mas é preciso.  Porque às vezes nos deparamos com situações que parecem tão doces, que se apresentam como o maná , como a água para o torturado viajante do deserto... Quem já teve muita sede, sabe. Quem vagou errante pelo deserto de sua dor, sabe o quanto sonhou com o oásis, com a redenção, com o resgate.  O quanto delirou febril pelo carinho, pela proteção e pelo aconchego, para se defrontar somente com  areia nas mãos, na boca e  no coração.  Quando finalmente nos tornamos fortes, mais fortes que a solidão, o calor ou o abandono, criamos nosso próprio oásis. Deus nos reconforta.
É então que o Mal tem que mudar de máscara.  Se a  face assustadora do medo já não nos impressiona, se a dura carranca da  maldade  já não nos diminui, o Inimgo então veste a pele de cordeiro... Eis que tudo aquilo pelo o que ansiávamos no deserto, se oferece de repente  para nos encantar, para nos fazer esquecer a dor, para alimentar nossa vaidade tão sequiosa de atenção... Como discernir o Bem do Mal?
Lembro que, quando tinha uns 9 anos, ganhei um livro chamado Histórias do Menino Jesus para Crianças.  Vários fatos narrados na Bíblia foram reescritos como se tivessem acontecido quando Jesus tinha aproximadamente dez ou doze anos de idade.  Assim, os fatos mais marcantes eram narrados para as crianças numa ótica também infantil:  o apedrejamento da menina - a mulher adúltera na versão bíblica - por exemplo.  Lembro perfeitamente que no fim do livro Jesus se despedia de seus amigos mostrando dois caminnhos: um livre, aberto e cheio de flores e árvores, e um outro, sinuoso, árido e cheio de pedras.  Ele seguia então pelo caminho mais difícil, pois aquele era o Caminho do Bem e exortava aos amigos a escolherem o mesmo caminho.
É isso.  Pois se há uma arma que o Inimigo usa sem pudor é instilar em nós um inebriamento da consciência.  É nos alimentar com um falso sentimento de reparação pois afinal fomos tão fortes, tão isso ou tão aquilo que merecemos agora descansar e esquecer ...Como Pinóquio levado pelos perversos para um falso mundo de algazarras e brincadeiras, onde depois os meninos eram transformados em burros, assim Ele tenta nos confundir e nos tirar do caminho...
O Mal é ilusionista. O Mal às vezes é muito doce... Doce demais. Na dúvida, melhor manter a guarda levantada...

Pinóquio , e como ´´e fácil nos deixar iludir

domingo, 12 de dezembro de 2010

A fúria, mais uma vez

Há temas que não se esgotam fácil.  A fúria é um deles. Quem já sentiu, sabe.  Como  o magma incadescente e vertiginoso, que se alastra com uma velocidade incontrolável, a fúria é o vulcão prestes a explodir, a lançar suas chamas e  sua lava em todas as direções, cobrindo tudo, sem poupar ninguém.  Justificada ou não, ela queima dentro do peito e grita para sair, inconsequente quanto à destruição que pode causar.
Meu querido amigo Padre Walter me explica que a fúria tem que ser acatada para ser domada.  Sim, estou com raiva disso ou daquilo, estou furiosa com essa ou aquela situação , essa ou aquela injustiça suscitou a minha ira.  Devemos aceitá-la com tranquilidade pois assim teremos dado o primeiro passo para esvaziá-la, para trazê-la para dentro do nosso controle. Devemos conversar com a nossa ira, e dizermos a ela que apesar de tudo não vamos permitir que ela determine o mote de nossas ações.  Interessante que a escritora Clarissa Estés nos fala a mesma coisa:  que devemos convidar nossa fúria para tomar um chá, e conversarmos calmamente com ela.  Ter paciência com a nossa fúria, segundo o Padre Walter, é ter paciência com nós mesmos... A ira seria uma das pulsões básicas da vida, e tem o seu lado construtivo que nos impele ao combate.  Ninguém decide lutar por nada de forma hesitante do tipo: "hã,  bem, então eu vou lutar por isso..." seja o ïsso um sonho, uma carreira, uma crença, um amor, um ideal.
Reselvemos lutar porque somos compelidos por essa pulsão, por essa ira, "vou lutar, sim, se me derrubarem eu levanto de novo, não me conhecem,  quero vez me derrotarem !"  É esse impulso raivoso que nos impele à frente, é o tipo de lava que devemos deixar derramar pois, apesar da queimação e da dor, nossas terras se tornarão mais férteis depois que a lava resfriada alimentar o solo... É o bom combate ! Temperar essa pulsão com a sabedoria dos sábios, mesclá-la com a docilidade dos mansos e direcioná-la como canais que aquecem o solo congelado pela dor,  é nosso desafio:  trasmutar o fogo enlouquecido da fúria na chama sagrada da fênix.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Luta, lobos e luas

Hoje foi nosso exame de graduação no Muay Thai, na academia A!BodyTech da Barra.
Logo postarei uma foto aqui para os amigos verem !
Para quem já leu o que escrevi aqui no blog sobre os motivos que me levam a lutar, acrescento outros motivos que descobri hoje: diversão misturada com disciplina (combina? por incrível que pareça, combina, sim!), sensação de fazer parte do grupo, sentimento de ter aprendido algo , de estar melhorando , evoluindo...
Lutar nos faz fortes, como já disse.  Lutar também nos faz mansos, pois nos faz mais confiantes em nós mesmos, mais tranquilos e no domínio  do nosso corpo e dos nossos sentimentos....
Com vontade de experimentar?  Nunca é tarde pra começar ! Seja yoga ou tai-chi, natação ou caminhada, kickboxing ou boxe, vencer os seus limites é supreendentemente recompensante. É um sentimento que se dilui por outra áreas da vida... Claro que a corrida também, já que segundo Clarissa Estés,  correr é uma das formas de se invocar a alma.
Já eu prefiro correr com os lobos... Mas isso é mais uma história, que contarei mais tarde, quem sabe em noite de lua cheia ou crescente... E para deixá-los propositalmente curiosos, deixo a citação do prefácio do livro da própria Clarissa (Mulheres que correm com os lobos, Editora Rocco):

"Todos nós temos anseio pelo que é selvagem.  Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente.  Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração.  Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos.  No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite.  Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas".


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Uma reflexão sobre a ira

Comprei um pequeno livrinho do Dom Cipriano no bazar do Copa  intitulado "A cura da ira".  Porque a ira muito me incomoda, ela é avalassadora, destruidora, terrivelmente egoísta.  A ira não é de Deus, não pode ser de Deus, porque Deus é perfeição, é Vitória silenciosa do Bem.  A ira é, pois, a meu ver, desolação.  No entanto há aquela passagem que sempre me intrigou , Jesus colérico expulsando os vendilhões do templo.  Irado sim, tomado de fúria com aquilo que Ele notou inconcebível, vergonhoso, injusto e ultrajante.  Jesus teria, como homem, experimentado o sentimento assustador da fúria.
D. Cipriano diz que a ira não é o mal em si, mas a indicação de que algo vai mal em nosso interior.  Que aquilo que nos deixa irados , no fundo é o que nos remete a lembranças e sentimentos dos quais temos muito medo, nos remete a coisas que temos medo de perder.  A ira indicaria que algo não vai bem e pede atenção; que a ira não deve ser estimulada mas também não pode ser simplesmente reprimida, ela deve ser encarada como um sinal para que descubramos e curermos o que de verdade nos aflige e amedronta.
Pode ser.  D. Cipriano é um homem sábio.  Fiquei pensando que a ira é como a febre alta, não a enfermidade em si mas um sintoma de que algo se passa em nós e que requer atenção.  Como a febre alta, contudo, a ira não pode ser deixada solta, consumindo o  organismo num calor que pode levar a convulsões e outras consequências; assim como a febre alta, deve ser aplacada de imediato, enquanto buscamos a cura da origem da nossa dor.
"A palavra branda acalma o furor, a resposta dura suscita a ira".  Assim, se a ira quiser se apoderar de nós, seja por qualquer motivo, entreguemo-la de imediato a nosso Mestre.  Ele a conhece, a vivenciou, e saberá o que fazer com ela. Onde ela quiser se instalar, chamemos sua antítese, a doçura divina. Doçura poderosa, que acalma os sentidos e nos devolve o equilíbrio.  Como diz meu amigo Pe. Walther, o Mal é escandaloso,  o Bem é discreto...

domingo, 31 de outubro de 2010

Porque é tempo de Beltane...

... deixemos que o feminino nos leve de volta à magia que tentaram nos tomar, ao prazer que tentaram nos fazer esquecer, ao poder do qual quiseram nos banir... Retornemos às nossas origens, abracemos à Mãe Terra e as suas dádivas, comemoremos  o sol e  as fogueiras flamejantes, agradeçamos à  chuva e aos riachos refrescantes; vistemo-nos de flores para depois perdê-las no vento!  No clarão da  lua cheia dancemos com a fauna e com a nossa prole; depois como ninfas e sátiros em leito de folhas entreguemo-nos aos prazeres do amor ...  Entoemos nosso riso ao som das  flautas, contemos histórias e sejamos gratos pelo dom da Vida pulsante, é  tempo de Beltane, é sempre tempo de sermos, todos,  gratos por viver !
Fogueira interior

domingo, 24 de outubro de 2010

O Senhor do Tempo

Não é à toa que, antes de Zeus, para os gregos já havia Chronos, o Senhor do Tempo.  Será o tempo que se mede nos calendários o mesmo tempo interior que corre dentro de nós?

Uma vez li em um livro de auto-ajuda que devemos ponderar um problema sempre à luz do tempo. Qual a importância daquilo que nos aflige passado um mês daquele angustiante momento?  E dali a um ano? Seremos outras pessoas, teremos vivido outras experiências, terá a vida manifestado suas surpresas, realizado suas reviravoltas,  iniciado novos ciclos, acrescentado novos elementos à nossa existência.  Teremos aprendido alguma coisa nova, olhado o mesmo prisma por um novo ângulo, tido aquele súbito discernimento que algo Maior, mais Sábio e mais Perfeito por amor se dispoõe a conduzir o fluxo da nossa vida...

Tenho comigo a imagem que nossa vida é uma tabuleiro de xadrez e Deus o nosso mestre enxadrista.  Muitas vezes assistimos perplexos  nosso adversário derrubar nossas torres, sacrificar sem piedade nossos bispos e cavalos, com violência tomar  nossa rainha.  A dor do fracasso nos atinge, o desespero nos consome, e temos certeza que a partida está perdida.  É hora de lembrar que o tempo de Deus não é o nosso tempo !  É hora de deixá-lo comandar o jogo, escolher as jogadas e aguardar, pacientemente, a sapiência divina...  Esperar na dor, aprendendo que o erro e a perda são ilusões do adversário, que quer minar nossa fé e nos fazer entregar os pontos...

Toda vez que o Inimgo diz " xeque", devemos nos aquietar e sorrir... Como toda partida difícil, essa disputa pode demorar mais do que desejamos; mas com um Mestre como o nosso, nossa vitória é só uma questão de tempo.... O tempo que não controlamos, o tempo de Deus. Ele nos dará , a seu tempo, o cheque-mate e a vitória.  Pois é bíblico que Deus nos ouve antes que emitamos nosso clamor; e que estando nós ainda a pedir, Ele nos atenderá...

Aguarda e confia, tua Vitória está a caminho !!!!

(Escrito em frente ao mar azul da Prainha, Arraial do Cabo, RJ) 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dulcis pacem

A paz não é definitiva.  É fugaz e fugidia, e teima em só nos visitar por poucos momentos.  É como um pequenino frasco de cristal, todo trabalhado, do qual linda tampa de prata é tirada e...algo etéreo escapa suavemente, sendo quase possível ver  minúsculas gotinhas furta-cores flutuando para fora do vidro, toda aquela substância se espalhando à nossa volta, trazendo uma maravilhosa e momentânea sensação de que a vida volta ao seu desejado ritmo.  Você sabe que aquele momento é precioso, e que em breve o encanto se desmanchará, e o turbilhão inquietante  voltará a  agitar o seu coração e a sua mente mas, naquele breve momento, a paz está ali, você pode senti-la, delicada como as asas diáfanas de uma fada e ainda assim real como o aroma de lavanda... Nesse instante, há que aspirá-la, suave e demoradamente, inalá-la com igual delicadeza... Guardar na memória da alma esse sentimento de dádiva, para poder lembrar-se dele nas noites de tempestade... Como o perfume de malva que evanesce na atmosfera, a paz se dilui na buzina que toca, no passo que apressa, no relógio que grita a hora, no compromisso, na conta, na incerteza.  Sim, a tampa volta novamente ao seu lugar, lacrando nosso contato com a doce presença.  Pegamos o ônibus, o metrô,  e mergulhamos no fluxo intenso da correria diária.  Afundamos em pensamentos, decisões, estudos, projetos, conflitos e problemas e exalamos o stress que bem conhecemos. Ficamos cansados, consumidos.  É hora então de fechar os olhos e se permitir  uma pequena viagem mágica;  imaginar a luz sobre o  cristal do frasco pintando arco-íris e formas coloridas ... A luz sobre o metal bordado da tampa criando faíscas prateadas , tornando-a delicadamente brilhante... Como uma inspiração merecida, levantamos a tampa com reverência;  leve e inebriante, o aroma mágico nos  acaricia e nos envolve como um beijo terno: é o doce hálito  de Deus, ao qual chamamos de paz.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O retorno da fênix

Acompanhando o resgate dos mineiros no Chile, me deparei com ela, de novo.  A Fênix.  Ressurgindo das cinzas, trazendo do calor da Terra a esperança que não morre,  a cápsula salvadora traz de volta 33 vidas humanas... Firmada na fé, na persistência, no esforço concentrado que perfura a dureza da rocha, a fênix de metal vai buscar nas profundezas a vida que pulsa.... Busquei na internet uma imagem que refletisse esse poder da fênix, essa explosão de luz e força , e não pude deixar de imaginar que, terminado o resgate ,  o aparato de metal ganharia vida, mudaria de forma e alçaria vôo sobre o deserto, sumindo no horizonte a caminho de seu destino.  Deixo para vocês a imagem que escolhi.  Para cada um ela trará diferente impressão, a conexão com a crença de cada um.  A mim ela remeteu de imediato ao Espírito Santo, a chama sagrada de Deus....


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Agere contra !

Bom, um dos meus desejos quanto a este blog é que ele seja lenitivo e bálsamo para as pessoas que aqui vierem.  Que de alguma forma encontrem um pouco de paz e um tanto de força, aquela força que nos levanta quando estamos caídos.  Por isso escrevi sobre o mar e a rocha.  Por isso escrevo agora sobre a consolação, que convive com a desolação da qual falei antes.  Diz Santo Inácio que a consolação e a desolação vivem constantemente se alternando em nossa vida, sendo a consolação todo sentimento que nos eleva e nos traz para perto do Bem, e desolação toda a tristeza, angústia, sofrimento, incertezas e outros sentimentos torturantes que teimam em nos achacar.  E existe ainda a consolação enganosa, essa a mais difícil de diagnosticar... Descobri isso tudo nos famosos exercícios espirituais de Santo Inácio.  Ainda estou bem no início das minhas pesquisas... Mas o que já aprendi, divido com vocês:  Tudo que é desolação não é da Vontade de Deus para  a nossa vida... E por isso não devemos alimentá-la, ao contrário devemos lutar incansavelmente contra ela... Como?  AGERE CONTRA !!! Máxima que significa agir contra, agir contra os pensamentos e sentimentos que nos afastam da alegria do Bem... Mágoas, ressentimentos, fúrias, frustrações, recriminações, auto-crítica.... Tristezas perenes, dores mal curadas, arrogância, orgulho, vaidade, vingança... AGERE CONTRA !  Pois  somos nossos piores inimigos... Tornemo-nos, pois, nossos maiores aliados !  Volto ao bom combate, pois viemos ao mundo para combater e lutar em favor do Bem, não somos vítimas, somos protagonistas de uma luta interna e externa, para a qual devemos conclamar para o nosso lado todas as Forças do Bem, Anjos, Guardiões... Ainda vou falar muito de Anjos por aqui.
AGERE CONTRA é caminhar com o pensamento no sentido oposto ao que estamos sendo levados, quando estamos em desolação. Com diz Louranço Prado, "o conhecimento da lei me dá o poder de apagar meus erros"...Ele afirma que nosso maior inimigo é o medo - o medo da probreza, do insucesso, da moléstia, do prejuízo de qualquer tipo. Eu acrescento o medo da solidão, da velhice, da dor, da morte, do desconhecido, medo do próprio medo. O medo é a fé no mal , é o inverso da fé no bem. Então, nada de alimentar o monstro, vamos olhar dentro do olho do nosso medo e gritar "Ridilkulus" ou seja, façamos nosso medos encolherem à sua insignificância. AGERE CONTRA, amigos.  Força e paz .

Quando a dor te atingir...

...de repente e sem nenhuma explicação
quando ela te invadir com a fúria do mar
fica quieto, como a rocha.
Quando ela te chicotear sem piedade
com sal e areia arranhar tua face
fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Ela virá com a força das correntes
Escura, perigosa, e desejosa de te arrastar.
Fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Deixa invadir tuas reentrâncias
Deixa lavar com violência tua superfície já polida,
entende que a dor, como a onda, vai recuar
fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Furiosa ela se levantará
A vaga escura te castigará
Fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Aceita a dor sem desesperar
Confia, ela vai vai recuar
Como a vaga escura em cima de ti vai quebrar
Arrancando o sal de tuas lágrimas tantas
Mas confia, espera, à desolação não te entregues.
A maré já vira e o próprio oceano se dobra,
Engole seu ímpeto, retorna à razão,
e à rocha ferida vem pedir seu perdão.
O céu manda suas gaivotas a te fazer companhia
O sol aquece tua superfície tão fria
Espera, confia, a desolação vai passar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não baixa a guarda não, senão....


A primeira coisa que a gente aprende quando luta é nunca, nunca, jamais baixar a guarda .  Pra quem não sabe , a guarda é manter os punhos fechados junto ao rosto, protegendo a face.. Se você baixa a guarda, o inimigo vem e te arrebenta com um golpe só !  E você, tonto, fica vulnerável  e toma  outros tantos golpes....
Manter a guarda é atitude sábia do guerreiro.  Sempre, em toda circunstância, devemos manter em mente nunca baixar a guarda, pois o Inimigo estuda nossos pontos fracos, e espera por um momento de distração para nos ferir e derrubar.  A confiança excessiva nos faz baixar a guarda;  a arrogância também... O orgulho, a vaidade.... Afinal todos nós somos meio fariseus, achando que já viemos com um selo de qualidade, que nos faz imunes aos ataques do maligno. A humildade do espírito e a vigilância serena de nós mesmos, por outro lado , é a guarda levantada, é a sentinela atenta no muro...  Respeitar o Inimigo é  o primeiro passo para podermos subjugá-lo. "  Sede sóbrios e vigiai..." Guarda levantada, olho no olho do monstro, base firme no que é de Deus , e força no golpe ! Afinal, como no Muay Thai, o objetivo dessa batalha é sempre derrubar o Inimigo de vez...

                                                                                                                                  
                                                                                                            

sábado, 2 de outubro de 2010

Entre a fênix e o dragão


Sempre gostei mais do meu signo lunar, oriental, do que do signo de câncer do zodíaco solar. O dragão é o único animal quimérico no horóscopo chinês e  decidi que ele devia estar presente aqui, simbolizando mais esse lado místico do multifacetado cristal que somos nós.  Procurando uma imagem de dragão que me agradasse, descobri 35 tipos de dragão (!), oriundos de diversas culturas, povoando o imaginário de vários povos através dos tempos.  Dragões terríveis, representantes da destruição e do caos, dragões em forma de imensas serpentes, krakens, basiliscos... Mas  também dragões que simbolizam a sabedoria, a nobreza, guardiões de imensuráveis tesouros... Sabia que meu dragão seria alado, habitante das altíssimas montanhas e de cavernas escondidas nas cordilheiras. E me deparei com o grifo, corpo de leão , cabeça e asas de águia. Esse é o meu dragão, pensei.   Apreciador das artes, possuidor de muitos dons , presente nos escudos  dos paladinos, montaria dos escolhidos  .....
Então me deparei com a fênix.  A fênix da mitologia grega, águia fabulosa e incandescente que renasce das próprias cinzas  .... A fênix egípcia que a cada 500 anos voa da Arábia ao Egito levando as cinzas de seu progenitor, depositando-as  no altar da Cidade do Sol... A fênix chinesa, símbolo da felicidade, trazendo em sua plumagem as cinco cores sagradas, representação da imperatriz e das fêmeas, em contrapartida ao dragão, masculino e imperial... A fênix cristã que vivia no Jardim do Paraíso, em ninho de especiarias e ervas aromáticas, único ser a resistir  à tentação... Ave de  lágrimas curativas, ícone eterno da ressurreição, esperança que nunca morre... 
Entre o dragão poderoso, altivo e nobre, leal protetor de seu cavaleiro, e a fênix dourada, mensageira da esperança e da misericórdia,  escolhi ficar com os dois...




quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Por que luto Muay Thai

Lutar nos faz fortes.  Nos dois sentidos.  Lutar nos faz obedientes.  Seguimos sem questionar as ordens de nosso líder.  Lutar nos faz humildes.  Aceitamos nossa fraqueza e inabilidade, somos constantemente golpeados e vencidos.  Lutar também nos faz poderosos, poderosos de nós mesmos.  Descobrimos que aquela bola de força dos avatares realmente existe e aprendemos como direcioná-la através de nós, para fora de nós.  Uma energia quente e positiva, uma luz que nasce no esforço do músculo e  na concentração da mente e que corre pelos braços e pernas, dispersando-se no universo.  Uma energia que respeita o oponente e nos remete ao bom combate. Lutar nos aproxima de sentimentos ancestrais, dos combates nas arenas, das amazonas em seus cavalos, dos discípulos sendo treinados por seus mestres em templos longínquos. Lutar acalma nossos próprios demônios, e os sujeita à força de nosso guerreiro guardião. Lutemos, pois.  Na arena e na vida....




domingo, 26 de setembro de 2010

A mulher selvagem

Descobri o exercício do encontro com a mulher selvagem... Ela habita em cada uma de nós... Foi domesticada, amordaçada, adormecida... O seu despertar depende de cada uma de nós, da nossa viagem ao encontro dela.

"Encontre um local em que ninguém possa lhe incomodar, se for ao ar livre, tanto melhor. Sente-se confortavelmente. Inspire profundamente e expire emitindo um som, tipo hhuuuumm! Faça isso por três vezes. Agora você deve visualizar uma frondosa árvore. Imagine-se em frente à ela e em seguida ande a sua volta. Do outro lado do árvore verá uma abertura em seu tronco, como a porta de uma caverna, entre nela sem medo. Dentro do árvore relaxe e sinta-se mergulhar no vazio. Para baixo.....mais para baixo bem devagarinho............ você terá a sensação de estar flutuando. Quando alcançar o final da raiz, sinta como se estivesse caído sobre um travesseiro de penas de ganso, macio..macio. Você chegou às portas do sub-mundo.

É hora de clamar pela Mulher Selvagem. Você pode gritar, uivar, cantar, dançar, bater tambor, o que achar melhor, mas faça bastante barulho, pois talvez ela esteja por demais adormecida dentro de você. Quando você a enxergar, agradeça sua presença e peça-lhe algo, qualquer coisa. Se não tiver idéia sobre o que pedir, peça que ela lhe dê o que mais precisa, que você receberá o presente com o coração aberto. Se ela lhe pedir algum presente, retribua com carinho. Após estas trocas simbólicas, seus laços de amizade estarão reforçados. É hora de retorna, peça-lhe docemente que ela lhe acompanhe. Ela lhe dirá sim e você em retribuição a sua gentileza deve abraçá-la e, ao fazê-lo, sentirá que você e a Mulher Selvagem se fundirão em uma só. Uma onda de felicidade e alegria tomarão conta de todo o seu ser.

É hora de percorrer o caminho de volta, encontre à raiz da árvore que estará atrás de você. Deixe-me novamente flutuar e sentirá que uma brisa fraca a impulsionará para cima...para cima...cada vez mais para cima, até alcançar o interior do tronco da árvore. Ao sair pela abertura, respire bem fundo e a medida que solta o ar, senta seu corpo novamente. Movimente os dedos da mão e assim que estiver pronta abra os olhos. Seja Bem-vinda!"


Começando...

Todo começo é novo. Todo novo é difícil.  Traz os desafios do desconhecido, é como caminhar de olhos vendados na beira do precipício... Assim começo meu blog.  Aonde me levará, não sei ao certo.  Assim como a decisão do mergulho no rio não encerra o conhecimento da viagem pela qual esse rio  nos leva, mergulho agora no caudaloso  Nilo... Àqueles curiosos incansáveis da jornada da Vida, convido a mergulhar comigo.  Hoje sou Nefertiti, Senhora de todo o Egito.