quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As muitas máscaras do Mal

Fiquei meio hesitante de escrever sobre esse tema.  Mas é preciso.  Porque às vezes nos deparamos com situações que parecem tão doces, que se apresentam como o maná , como a água para o torturado viajante do deserto... Quem já teve muita sede, sabe. Quem vagou errante pelo deserto de sua dor, sabe o quanto sonhou com o oásis, com a redenção, com o resgate.  O quanto delirou febril pelo carinho, pela proteção e pelo aconchego, para se defrontar somente com  areia nas mãos, na boca e  no coração.  Quando finalmente nos tornamos fortes, mais fortes que a solidão, o calor ou o abandono, criamos nosso próprio oásis. Deus nos reconforta.
É então que o Mal tem que mudar de máscara.  Se a  face assustadora do medo já não nos impressiona, se a dura carranca da  maldade  já não nos diminui, o Inimgo então veste a pele de cordeiro... Eis que tudo aquilo pelo o que ansiávamos no deserto, se oferece de repente  para nos encantar, para nos fazer esquecer a dor, para alimentar nossa vaidade tão sequiosa de atenção... Como discernir o Bem do Mal?
Lembro que, quando tinha uns 9 anos, ganhei um livro chamado Histórias do Menino Jesus para Crianças.  Vários fatos narrados na Bíblia foram reescritos como se tivessem acontecido quando Jesus tinha aproximadamente dez ou doze anos de idade.  Assim, os fatos mais marcantes eram narrados para as crianças numa ótica também infantil:  o apedrejamento da menina - a mulher adúltera na versão bíblica - por exemplo.  Lembro perfeitamente que no fim do livro Jesus se despedia de seus amigos mostrando dois caminnhos: um livre, aberto e cheio de flores e árvores, e um outro, sinuoso, árido e cheio de pedras.  Ele seguia então pelo caminho mais difícil, pois aquele era o Caminho do Bem e exortava aos amigos a escolherem o mesmo caminho.
É isso.  Pois se há uma arma que o Inimigo usa sem pudor é instilar em nós um inebriamento da consciência.  É nos alimentar com um falso sentimento de reparação pois afinal fomos tão fortes, tão isso ou tão aquilo que merecemos agora descansar e esquecer ...Como Pinóquio levado pelos perversos para um falso mundo de algazarras e brincadeiras, onde depois os meninos eram transformados em burros, assim Ele tenta nos confundir e nos tirar do caminho...
O Mal é ilusionista. O Mal às vezes é muito doce... Doce demais. Na dúvida, melhor manter a guarda levantada...

Pinóquio , e como ´´e fácil nos deixar iludir