terça-feira, 7 de junho de 2011

Lá e de volta outra vez...

Quando bate a angústia ou a desolação, tenho vontade de vir para cá escrever.  Quando estamos muito bem cuidando de nossas vidas, pagando contas e organizando tarefas, indo e vindo nas inúmeras atividades que nos distraem do essencial, eis que ele vem sussurrar mensagens enganosas junto de nossos ouvidos.  Lembrei-me hoje tão bem da história da Donzela sem Mãos.  Do diabo trocando as mensagens junto ao rio, o mensageiro adormecido no descuidado abandono de sua vigília.  A  desolação  chega de repente, mas chega  avassaladora, como o vento frio cortando tudo em estilhaços de gelo.  Quando Rowling fala dos dementadores, e de como bloqueiam a sensação de felicidade, quando Tolkien define os espectros como a escuridão definitiva da alma, o ferimento que nunca fecha, isso é a desolação.  A desolação murcha de repente o mais florido jardim de sonhos, ela decepa as esperanças e congela de imediato aquela chama que teima em bruxulear contra a profunda escuridão.
O grande objetivo da desolação é nos roubar a esperança.  É nos deixar tão cegos de dor que não consigamos sair dessa névoa traiçoeira, que se levanta dos pântanos da mente para nos envolver e tragar.
É preciso pois, contra esse gelo que corta e esse frio que açoita, algo inflamável que nos possa devolver o calor.  Algo que brilhe e ilumine, algo que aqueça rápido e conforte, algo de fácil combustão pois não podemos  ficar perdidos no frio e no gelo por muito tempo.
Onde podemos guardar essa chama dentro de nós, para que possamos contar com ela quando a desolação nos tomar? Em que caixa ou redoma à prova de tempestades essa chama pode estar protegida para que nos conduza para fora do pântano todas as vezes que for preciso?
Penso em Vasalisa, e sua caveira incadescente. Penso no filme "A guerra do fogo"onde as tribos nômades lutavam per uma pequena brasa para que o fogo nunca lhe faltasse. Penso na explosão da fênix, criando vida e luz aonde só havia cinzas. Penso no Espírito Santo, presença quente e poderosa de Deus, luz que propaga afastando a escuridão, incenso mágico que queima nos transportando de volta à proteção paterna; lembro das línguas de fogo que vieram sobre os apóstolos, enchendo-os de dons.
Esse fogo, essa chama que arde, é a Vida lutando contra a desolação.  É a tal centelha divina que herdamos de nosso Pai, é fogueira que nos infunde de volta a coragem: É consolação...