quinta-feira, 21 de junho de 2012

Filhos


Filhos adolescentes, indo e vindo de festas, passeios, compromissos, estudos, viagens, namoros, intercâmbios... A vida pulsa neles de uma maneira mágica, mesmo com seu mau-humor, inconformismo, desorganização e egoísmos, e a sensação de que a vida acaba hoje se não forem hoje àquela festa ou show de rock , ou que o tempo é infinito mesmo quando as provas já são na semana seguinte...
Filhos adolescentes com suas mochilas, músicas, risos, amigos, violão, posters nas paredes, fotos no face, allstars imundos e calças jeans que não precisam ser lavadas, pois segundo eles, são roupas que não sujam ...
Filhos descobrindo o mundo, a vida,  os relacionamentos, os desafios, a realidade prática do dia-a-dia, aprendendo o que é FGTS, INSS, abrindo conta em banco, aprendendo a  dirigir...
Querer segurar o fluxo da vida é como construir uma barragem e impedir que  o rio siga seu curso, banhando novos pomares, jardins, plantações. Continuarmos atentos e presentes nessa jornada é nossa missão, mas para isso precisamos entender nosso papel de guia,  como diz Gibran.  E, como eu gosto de histórias, aí vai mais uma, contada por ele pela voz do Profeta.



Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
           
Vossos filhos não são vossos filhos.           
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.           
Vêm através de vós, mas não de vós.           
E embora vivam convosco, não vos pertencem.           
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,           
Porque eles têm seus próprios pensamentos.           
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;           
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,           
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.           
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,           
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.           
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.           
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força          
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.           
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:           
Pois assim como ele ama a flecha que voa,           
Ama também o arco que permanece estável.

 


      Ilustração extraída do livro  "O Profeta"