quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Resoluções de Ano Novo

Sempre gostei dessa coisa de decisões de Ano Novo.  Houve uma época que eu também, como muitos, preguei por aí que nada muda só porque viramos a folhinha, trocamos o calendário, começamos a contagem de novo... Hoje já não penso assim.  Minha sábia tia Ruth me explicou sobre os arquétipos do ser humano, sendo um deles, muito poderoso, o mito do eterno retorno.  O ser humano precisa dessa sensação de começar de novo. De zerar uma etapa, um período de vida, e iniciar uma nova fase, com novos sonhos, com novas prerrogativas.
Sim, temos muito que o que comemorar a cada Ano Novo.  Vencemos, de muitas formas, somente por estarmos vivos.  Vencemos a violência, o medo, a maldade, a dificuldade, a incompreensão, os ataques do Inimigo. Fizemos uma viagem incrível pelo espaço por 365 dias, em torno do Sol... Presenciamos a natureza mudar de forma várias vezes, chuvas torrenciais de verão, neblinas de inverno, flores e frutos de várias estações... Vimos o mar em fúria se levantar contra a areia e o vimos  como espelho dágua  em tardes douradas de paz... Quem olhou para o céu durante as noites em busca da Lua a viu inchar e diminuir, ser grande e amarela, ser fino sorriso de prata, sentiu-se  mais órfão nas noites escuras de Lua negra.
Os chineses, os egípcios, os astecas, os judeus, os povos em geral na sua sabedoria marcam seus ciclos de vida, morte e renascimento e comemoram o poder do ser humano de recomeçar.  Como o Oroborus, figura mítica da serpente que engole a própria cauda, símbolo não só do eterno retorno mas da evolução em espiral que deve ser a nossa vida, não recomeçamos do mesmo lugar.  A cada volta, a cada ciclo, a cada vida-morte-renascimento que é o cerne da  nossa existência, evoluímos um pouco mais, subimos em direção daquilo que nos evoca. 
Eu ia falar sobre as minhas resoluções para o Ano Novo mas volto a elas em breve.  Pois enquanto escrevia, fui tomada por uma gratidão enorme por estar viva, e recomeçando.  Como semente que brota da terra.  Como filhote no ninho que prepara o vôo.  Como criatura amada pelo Criador.
Que o Ano Novo desperte em vocês o Oroborus.  Muitas vezes, não só no início do ano, mas sempre que necessário... e até que terminemos mais uma viagem em torno do Sol. Onde, se Deus permitir, recomeçaremos.
Oroborus