De volta à Mulher Selvagem....
Transcrevi trecho do livro "Mulheres que correm com os lobos", de Clarissa Pinkola Estés, porque não saberia passar com minhas próprias palavras ...
"Há um ser que vive no subterrâneo selvagem das naturezas das mulheres. Essa criatura faz parte da nossa natureza sensorial e, como qualquer animal completo, possui seus próprios ciclos naturais e nutritivos. Esse ser é curioso, gregário, transbordante de energia em certas horas, submisso em outras. Ele é sensível a estímulos que envolvam os sentidos: a música, o movimento, o alimento, a bebida, a paz, o silêncio, a beleza, a escuridão.
É esse aspecto da mulher que tem cio. Não um cio voltado exclusivamente para a relação sexual, mas uma espécie de fogo interior cuja chama cresce e depois abaixa, em ciclos. A partir da energia liberada nesse nível, a mulher age como lhe convém. O cio da mulher não é um estado de excitação sexual, mas um estado de intensa consciência sensorial que inclui sua sexualidade, sem se limitar a ela.(...)
Existe um aspecto da sexualidade feminina que, nos tempos remotos, era chamado de obsceno sagrado, não na acepção que damos hoje em dia ao termo, mas com um significado de uma sabedoria sexual de uma certa forma bem-humorada. Havia outrora cultos a deusas que eram voltadas para uma sexualidade feminina irreverente. (...) A própria idéia da sexualidade como sagrada, e mais especificamente , da obscenidade como um aspecto da sexualidade sagrada , é vital para a natureza selvática. Havia deusas da obscenidade nas antigas culturas matriarcais - assim denominadas por sua lascívia astuta, porém inocente. (...) Obscene: do hebraico antigo, ob, significando um mago, uma feiticeira.
Há alguns anos, quando comecei a contar histórias de deusas sujas , as mulheres sorriam e depois riam ao ouvir os feitos das mulheres, tanto verdadeiras quanto mitológicas, que haviam usado sua sexualidade, sua sensualidade, para transmitir uma idéia, para amenizar a tristeza, provocar o riso e , desse modo, corrigir algo que estivesse desencaminhado. (...) Ficou evidente para mim que a importância dessas antigas deusas da obscenidade estava na capacidade de soltar o que estava preso, de fazer dissipar a melancolia, de trazer ao corpo uma espécie de humor pertencente não ao intelecto, mas ao próprio corpo, de manter desobstruídas as passagens.(...) É verdade que certos tipos de riso, que provém de todas as histórias que as mulheres contam umas para as outras, histórias tão apimentadas ao ponto de serem de total mau gosto... essas histórias ativam a libido. Elas acendem o fogo do interesse da mulher pela vida. A deusa do ventre e a gargalhada são o que procuramos. Portanto, acrescente à sua coleção de medicamentos histórias típicas de Baubo. Essa forma de história é um remédio poderoso. A história engraçada e "suja" pode não só acabar com a depressão como arrancar da raiva o coração irado, deixando a mulher mais feliz do que antes."
A autora ilustra então com trës histórias que mostram o encanto sexual/sensual gerador de emoções agradáveis:
"As três tratam das deusas sujas (...). Chamo-as sujas porque estiverem vagueando muito tempo debaixo da terra. No sentido positivo, pertencem à terra fértil, à lama, ao estrume - à substância criadora da qual se origna toda a arte. Na realidade, as deusas sujas representam aquele aspecto da Mulher Selvagem que é tanto sexual quanto sagrado".
Escolhi umas das histórias para compartilhar com vocês aqui no blog, a que fala de Deméter, Perséfone, e de Baubo, a deusa do ventre. Para essa postagem não ficar longa demais, ela vai , na sequência, na próxima postagem. Sim, mitologia grega. Porque, afinal, os gregos sabiam de tudo !
Transcrevi trecho do livro "Mulheres que correm com os lobos", de Clarissa Pinkola Estés, porque não saberia passar com minhas próprias palavras ...
"Há um ser que vive no subterrâneo selvagem das naturezas das mulheres. Essa criatura faz parte da nossa natureza sensorial e, como qualquer animal completo, possui seus próprios ciclos naturais e nutritivos. Esse ser é curioso, gregário, transbordante de energia em certas horas, submisso em outras. Ele é sensível a estímulos que envolvam os sentidos: a música, o movimento, o alimento, a bebida, a paz, o silêncio, a beleza, a escuridão.
É esse aspecto da mulher que tem cio. Não um cio voltado exclusivamente para a relação sexual, mas uma espécie de fogo interior cuja chama cresce e depois abaixa, em ciclos. A partir da energia liberada nesse nível, a mulher age como lhe convém. O cio da mulher não é um estado de excitação sexual, mas um estado de intensa consciência sensorial que inclui sua sexualidade, sem se limitar a ela.(...)
Existe um aspecto da sexualidade feminina que, nos tempos remotos, era chamado de obsceno sagrado, não na acepção que damos hoje em dia ao termo, mas com um significado de uma sabedoria sexual de uma certa forma bem-humorada. Havia outrora cultos a deusas que eram voltadas para uma sexualidade feminina irreverente. (...) A própria idéia da sexualidade como sagrada, e mais especificamente , da obscenidade como um aspecto da sexualidade sagrada , é vital para a natureza selvática. Havia deusas da obscenidade nas antigas culturas matriarcais - assim denominadas por sua lascívia astuta, porém inocente. (...) Obscene: do hebraico antigo, ob, significando um mago, uma feiticeira.
Há alguns anos, quando comecei a contar histórias de deusas sujas , as mulheres sorriam e depois riam ao ouvir os feitos das mulheres, tanto verdadeiras quanto mitológicas, que haviam usado sua sexualidade, sua sensualidade, para transmitir uma idéia, para amenizar a tristeza, provocar o riso e , desse modo, corrigir algo que estivesse desencaminhado. (...) Ficou evidente para mim que a importância dessas antigas deusas da obscenidade estava na capacidade de soltar o que estava preso, de fazer dissipar a melancolia, de trazer ao corpo uma espécie de humor pertencente não ao intelecto, mas ao próprio corpo, de manter desobstruídas as passagens.(...) É verdade que certos tipos de riso, que provém de todas as histórias que as mulheres contam umas para as outras, histórias tão apimentadas ao ponto de serem de total mau gosto... essas histórias ativam a libido. Elas acendem o fogo do interesse da mulher pela vida. A deusa do ventre e a gargalhada são o que procuramos. Portanto, acrescente à sua coleção de medicamentos histórias típicas de Baubo. Essa forma de história é um remédio poderoso. A história engraçada e "suja" pode não só acabar com a depressão como arrancar da raiva o coração irado, deixando a mulher mais feliz do que antes."
A autora ilustra então com trës histórias que mostram o encanto sexual/sensual gerador de emoções agradáveis:
"As três tratam das deusas sujas (...). Chamo-as sujas porque estiverem vagueando muito tempo debaixo da terra. No sentido positivo, pertencem à terra fértil, à lama, ao estrume - à substância criadora da qual se origna toda a arte. Na realidade, as deusas sujas representam aquele aspecto da Mulher Selvagem que é tanto sexual quanto sagrado".
Escolhi umas das histórias para compartilhar com vocês aqui no blog, a que fala de Deméter, Perséfone, e de Baubo, a deusa do ventre. Para essa postagem não ficar longa demais, ela vai , na sequência, na próxima postagem. Sim, mitologia grega. Porque, afinal, os gregos sabiam de tudo !