quarta-feira, 13 de junho de 2012

Babado grego


Gente, tô me sentindo uma Candinha da Antiguidade, mas esse negócio de mitologia é muito, muito melhor que novela... Tramas, paixões, traições, triângulos, quadrados, uma coisa de louco !!!  E muito sexo... Mas também amores imortais, paixões verdadeiras, tudo com uma grande dose de intrigas e aventuras ...
De volta à Perséfone ( que também é conhecida como Koré) e Hades... Descobri que a beleza da heroína já atraía a inveja de Afrodite, quando  ainda era uma menina...  Vários deuses a tentaram cortejar, mas a mãe Deméter afastou todos os pretendentes, inclusive Hades ( que já tinha pedido a mão da donzela a Zeus, e como a coisa não andava acelerou  sua biga negra e levou-a na mão grande....)
E Perséfone, que não devia comer nada que Hades lhe oferecia , para registrar seu repúdio ao rapto, aceitou uma suculenta romã, selando assim a sua aceitação tácita ao deus do submundo... Que segundo reza a lenda, tratava a esposa  muito bem, ouvia sempre sua opinião a respeito de tudo, era amoroso e carinhoso ...  Perséfone, que se tornou uma mulher esplendorosa e estonteante, passava metade do ano que com o marido, e metade voltava  à terra dos viventes como  Koré,  a  donzela, para ficar com sua mãe ( representando  assim o ciclo anual das colheitas).  Diz a história que  seu amor verdadeiro era Hades, mesmo tendo como amante Adonis ...  Como assim???  Quando ela tinha tempo pra ficar com esse Adonis?  Se  quando estava na terra, era como Koré, cujo nome significa moça virgem? Imagino que Hades não ia aceitar Adonis dando uma voltinha lá no território dele, mesmo constando nos autos que  Perséfone ajudava a todos que visitavam o reino inferior em busca de ajuda, e sempre interferia junto à Hades em favor dos heróis e dos mortais...
Bom, parece que Adonis era o favorito de Afrodite, mas como essa também andava com Ares, o deus da guerra, esse último deu logo um jeito de despachar Adonis para o andar de baixo... Onde ele ficou morando com Hades e Perséfone, e aí... deu no que deu. Resultado: Zeus teve que se meter e estabelecer que Adonis ficaria  com Afrodite por quatro meses e com Perséfone por outros quatro, tendo quatro meses livres (  naturalmente para descansar, o pobre...)... Mas parece que Adonis deu uma volta no tal acordo e ficava o tempo livre também com Afrodite, mas deixa pra lá, porque a Afrodite era uma arrogante invejosa e o amor da Perséfone era mesmo o Senhor dos Mortos...
Há inclusive uma história que Hades tinha lá uma “amiga”, antes  da chegada de Perséfone, uma ninfa de nome Menthe , que se achava a número um e  que não gostou nada de se ver trocada pela recém-chegada.  Quis arrumar uma confusão e acabou virando um pé de menta na entrada do submundo. Não se sabe ao certo se quem a enfeitiçou foi a própria Perséfone, ou a mãe, Deméter... Enfim, tudo gente boa .  Importa mesmo é que Hades e Perséfone se entendiam , de todas as formas possíveis...

Em tempo:  Descobri por acaso na internet o blog da Maria Batista, uma poetisa portuguesa que também se encantou com a história do casal tão fora do comum. E com a devida licença da autora, reproduzo aqui as palavras dela:

Tomado de volúpia e sedução
Hades sem cuidados tamanhos
Num golpe de insídia e traição
Rapta koré ao mundo estranho

De ninfas, narcisos e cor
Tem medo e está vencida, koré
Saboreia a maçã do amor
Com lágrimas de sangue e fé

Ah Perséfone!  E não apeles

Pelo teu mundo seguro e materno
Se sentes o beijo, se sentes a pele

O cheiro e a carne do teu amante
Se mais vale a paixão do inferno
Que o amor do paraíso distante

MariaJB

poesiamariajb.blogspot.com/


"O rapto de Perséfone", de Bernini
Galleria Borghese, Roma