domingo, 31 de outubro de 2010

Porque é tempo de Beltane...

... deixemos que o feminino nos leve de volta à magia que tentaram nos tomar, ao prazer que tentaram nos fazer esquecer, ao poder do qual quiseram nos banir... Retornemos às nossas origens, abracemos à Mãe Terra e as suas dádivas, comemoremos  o sol e  as fogueiras flamejantes, agradeçamos à  chuva e aos riachos refrescantes; vistemo-nos de flores para depois perdê-las no vento!  No clarão da  lua cheia dancemos com a fauna e com a nossa prole; depois como ninfas e sátiros em leito de folhas entreguemo-nos aos prazeres do amor ...  Entoemos nosso riso ao som das  flautas, contemos histórias e sejamos gratos pelo dom da Vida pulsante, é  tempo de Beltane, é sempre tempo de sermos, todos,  gratos por viver !
Fogueira interior

domingo, 24 de outubro de 2010

O Senhor do Tempo

Não é à toa que, antes de Zeus, para os gregos já havia Chronos, o Senhor do Tempo.  Será o tempo que se mede nos calendários o mesmo tempo interior que corre dentro de nós?

Uma vez li em um livro de auto-ajuda que devemos ponderar um problema sempre à luz do tempo. Qual a importância daquilo que nos aflige passado um mês daquele angustiante momento?  E dali a um ano? Seremos outras pessoas, teremos vivido outras experiências, terá a vida manifestado suas surpresas, realizado suas reviravoltas,  iniciado novos ciclos, acrescentado novos elementos à nossa existência.  Teremos aprendido alguma coisa nova, olhado o mesmo prisma por um novo ângulo, tido aquele súbito discernimento que algo Maior, mais Sábio e mais Perfeito por amor se dispoõe a conduzir o fluxo da nossa vida...

Tenho comigo a imagem que nossa vida é uma tabuleiro de xadrez e Deus o nosso mestre enxadrista.  Muitas vezes assistimos perplexos  nosso adversário derrubar nossas torres, sacrificar sem piedade nossos bispos e cavalos, com violência tomar  nossa rainha.  A dor do fracasso nos atinge, o desespero nos consome, e temos certeza que a partida está perdida.  É hora de lembrar que o tempo de Deus não é o nosso tempo !  É hora de deixá-lo comandar o jogo, escolher as jogadas e aguardar, pacientemente, a sapiência divina...  Esperar na dor, aprendendo que o erro e a perda são ilusões do adversário, que quer minar nossa fé e nos fazer entregar os pontos...

Toda vez que o Inimgo diz " xeque", devemos nos aquietar e sorrir... Como toda partida difícil, essa disputa pode demorar mais do que desejamos; mas com um Mestre como o nosso, nossa vitória é só uma questão de tempo.... O tempo que não controlamos, o tempo de Deus. Ele nos dará , a seu tempo, o cheque-mate e a vitória.  Pois é bíblico que Deus nos ouve antes que emitamos nosso clamor; e que estando nós ainda a pedir, Ele nos atenderá...

Aguarda e confia, tua Vitória está a caminho !!!!

(Escrito em frente ao mar azul da Prainha, Arraial do Cabo, RJ) 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dulcis pacem

A paz não é definitiva.  É fugaz e fugidia, e teima em só nos visitar por poucos momentos.  É como um pequenino frasco de cristal, todo trabalhado, do qual linda tampa de prata é tirada e...algo etéreo escapa suavemente, sendo quase possível ver  minúsculas gotinhas furta-cores flutuando para fora do vidro, toda aquela substância se espalhando à nossa volta, trazendo uma maravilhosa e momentânea sensação de que a vida volta ao seu desejado ritmo.  Você sabe que aquele momento é precioso, e que em breve o encanto se desmanchará, e o turbilhão inquietante  voltará a  agitar o seu coração e a sua mente mas, naquele breve momento, a paz está ali, você pode senti-la, delicada como as asas diáfanas de uma fada e ainda assim real como o aroma de lavanda... Nesse instante, há que aspirá-la, suave e demoradamente, inalá-la com igual delicadeza... Guardar na memória da alma esse sentimento de dádiva, para poder lembrar-se dele nas noites de tempestade... Como o perfume de malva que evanesce na atmosfera, a paz se dilui na buzina que toca, no passo que apressa, no relógio que grita a hora, no compromisso, na conta, na incerteza.  Sim, a tampa volta novamente ao seu lugar, lacrando nosso contato com a doce presença.  Pegamos o ônibus, o metrô,  e mergulhamos no fluxo intenso da correria diária.  Afundamos em pensamentos, decisões, estudos, projetos, conflitos e problemas e exalamos o stress que bem conhecemos. Ficamos cansados, consumidos.  É hora então de fechar os olhos e se permitir  uma pequena viagem mágica;  imaginar a luz sobre o  cristal do frasco pintando arco-íris e formas coloridas ... A luz sobre o metal bordado da tampa criando faíscas prateadas , tornando-a delicadamente brilhante... Como uma inspiração merecida, levantamos a tampa com reverência;  leve e inebriante, o aroma mágico nos  acaricia e nos envolve como um beijo terno: é o doce hálito  de Deus, ao qual chamamos de paz.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O retorno da fênix

Acompanhando o resgate dos mineiros no Chile, me deparei com ela, de novo.  A Fênix.  Ressurgindo das cinzas, trazendo do calor da Terra a esperança que não morre,  a cápsula salvadora traz de volta 33 vidas humanas... Firmada na fé, na persistência, no esforço concentrado que perfura a dureza da rocha, a fênix de metal vai buscar nas profundezas a vida que pulsa.... Busquei na internet uma imagem que refletisse esse poder da fênix, essa explosão de luz e força , e não pude deixar de imaginar que, terminado o resgate ,  o aparato de metal ganharia vida, mudaria de forma e alçaria vôo sobre o deserto, sumindo no horizonte a caminho de seu destino.  Deixo para vocês a imagem que escolhi.  Para cada um ela trará diferente impressão, a conexão com a crença de cada um.  A mim ela remeteu de imediato ao Espírito Santo, a chama sagrada de Deus....


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Agere contra !

Bom, um dos meus desejos quanto a este blog é que ele seja lenitivo e bálsamo para as pessoas que aqui vierem.  Que de alguma forma encontrem um pouco de paz e um tanto de força, aquela força que nos levanta quando estamos caídos.  Por isso escrevi sobre o mar e a rocha.  Por isso escrevo agora sobre a consolação, que convive com a desolação da qual falei antes.  Diz Santo Inácio que a consolação e a desolação vivem constantemente se alternando em nossa vida, sendo a consolação todo sentimento que nos eleva e nos traz para perto do Bem, e desolação toda a tristeza, angústia, sofrimento, incertezas e outros sentimentos torturantes que teimam em nos achacar.  E existe ainda a consolação enganosa, essa a mais difícil de diagnosticar... Descobri isso tudo nos famosos exercícios espirituais de Santo Inácio.  Ainda estou bem no início das minhas pesquisas... Mas o que já aprendi, divido com vocês:  Tudo que é desolação não é da Vontade de Deus para  a nossa vida... E por isso não devemos alimentá-la, ao contrário devemos lutar incansavelmente contra ela... Como?  AGERE CONTRA !!! Máxima que significa agir contra, agir contra os pensamentos e sentimentos que nos afastam da alegria do Bem... Mágoas, ressentimentos, fúrias, frustrações, recriminações, auto-crítica.... Tristezas perenes, dores mal curadas, arrogância, orgulho, vaidade, vingança... AGERE CONTRA !  Pois  somos nossos piores inimigos... Tornemo-nos, pois, nossos maiores aliados !  Volto ao bom combate, pois viemos ao mundo para combater e lutar em favor do Bem, não somos vítimas, somos protagonistas de uma luta interna e externa, para a qual devemos conclamar para o nosso lado todas as Forças do Bem, Anjos, Guardiões... Ainda vou falar muito de Anjos por aqui.
AGERE CONTRA é caminhar com o pensamento no sentido oposto ao que estamos sendo levados, quando estamos em desolação. Com diz Louranço Prado, "o conhecimento da lei me dá o poder de apagar meus erros"...Ele afirma que nosso maior inimigo é o medo - o medo da probreza, do insucesso, da moléstia, do prejuízo de qualquer tipo. Eu acrescento o medo da solidão, da velhice, da dor, da morte, do desconhecido, medo do próprio medo. O medo é a fé no mal , é o inverso da fé no bem. Então, nada de alimentar o monstro, vamos olhar dentro do olho do nosso medo e gritar "Ridilkulus" ou seja, façamos nosso medos encolherem à sua insignificância. AGERE CONTRA, amigos.  Força e paz .

Quando a dor te atingir...

...de repente e sem nenhuma explicação
quando ela te invadir com a fúria do mar
fica quieto, como a rocha.
Quando ela te chicotear sem piedade
com sal e areia arranhar tua face
fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Ela virá com a força das correntes
Escura, perigosa, e desejosa de te arrastar.
Fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Deixa invadir tuas reentrâncias
Deixa lavar com violência tua superfície já polida,
entende que a dor, como a onda, vai recuar
fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Furiosa ela se levantará
A vaga escura te castigará
Fica quieto, como a rocha junto ao mar.
Aceita a dor sem desesperar
Confia, ela vai vai recuar
Como a vaga escura em cima de ti vai quebrar
Arrancando o sal de tuas lágrimas tantas
Mas confia, espera, à desolação não te entregues.
A maré já vira e o próprio oceano se dobra,
Engole seu ímpeto, retorna à razão,
e à rocha ferida vem pedir seu perdão.
O céu manda suas gaivotas a te fazer companhia
O sol aquece tua superfície tão fria
Espera, confia, a desolação vai passar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não baixa a guarda não, senão....


A primeira coisa que a gente aprende quando luta é nunca, nunca, jamais baixar a guarda .  Pra quem não sabe , a guarda é manter os punhos fechados junto ao rosto, protegendo a face.. Se você baixa a guarda, o inimigo vem e te arrebenta com um golpe só !  E você, tonto, fica vulnerável  e toma  outros tantos golpes....
Manter a guarda é atitude sábia do guerreiro.  Sempre, em toda circunstância, devemos manter em mente nunca baixar a guarda, pois o Inimigo estuda nossos pontos fracos, e espera por um momento de distração para nos ferir e derrubar.  A confiança excessiva nos faz baixar a guarda;  a arrogância também... O orgulho, a vaidade.... Afinal todos nós somos meio fariseus, achando que já viemos com um selo de qualidade, que nos faz imunes aos ataques do maligno. A humildade do espírito e a vigilância serena de nós mesmos, por outro lado , é a guarda levantada, é a sentinela atenta no muro...  Respeitar o Inimigo é  o primeiro passo para podermos subjugá-lo. "  Sede sóbrios e vigiai..." Guarda levantada, olho no olho do monstro, base firme no que é de Deus , e força no golpe ! Afinal, como no Muay Thai, o objetivo dessa batalha é sempre derrubar o Inimigo de vez...

                                                                                                                                  
                                                                                                            

sábado, 2 de outubro de 2010

Entre a fênix e o dragão


Sempre gostei mais do meu signo lunar, oriental, do que do signo de câncer do zodíaco solar. O dragão é o único animal quimérico no horóscopo chinês e  decidi que ele devia estar presente aqui, simbolizando mais esse lado místico do multifacetado cristal que somos nós.  Procurando uma imagem de dragão que me agradasse, descobri 35 tipos de dragão (!), oriundos de diversas culturas, povoando o imaginário de vários povos através dos tempos.  Dragões terríveis, representantes da destruição e do caos, dragões em forma de imensas serpentes, krakens, basiliscos... Mas  também dragões que simbolizam a sabedoria, a nobreza, guardiões de imensuráveis tesouros... Sabia que meu dragão seria alado, habitante das altíssimas montanhas e de cavernas escondidas nas cordilheiras. E me deparei com o grifo, corpo de leão , cabeça e asas de águia. Esse é o meu dragão, pensei.   Apreciador das artes, possuidor de muitos dons , presente nos escudos  dos paladinos, montaria dos escolhidos  .....
Então me deparei com a fênix.  A fênix da mitologia grega, águia fabulosa e incandescente que renasce das próprias cinzas  .... A fênix egípcia que a cada 500 anos voa da Arábia ao Egito levando as cinzas de seu progenitor, depositando-as  no altar da Cidade do Sol... A fênix chinesa, símbolo da felicidade, trazendo em sua plumagem as cinco cores sagradas, representação da imperatriz e das fêmeas, em contrapartida ao dragão, masculino e imperial... A fênix cristã que vivia no Jardim do Paraíso, em ninho de especiarias e ervas aromáticas, único ser a resistir  à tentação... Ave de  lágrimas curativas, ícone eterno da ressurreição, esperança que nunca morre... 
Entre o dragão poderoso, altivo e nobre, leal protetor de seu cavaleiro, e a fênix dourada, mensageira da esperança e da misericórdia,  escolhi ficar com os dois...